As crianças são as que mais sofrem emocionalmente durante a pandemia?

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As crianças são as que mais sofrem emocionalmente durante a pandemia?

As crianças são as que mais sofrem emocionalmente durante a pandemia?

Numa época não muito distante, acreditava-se que a infância era a melhor época da vida. Imaginava-se que a criança não sentia tristeza, angustia ou desejos. Entretanto, Freud diz que os primeiros anos de vida são caóticos para todos os indivíduos.

Talvez as crianças sejam as que mais sofrem durante a pandemia. Não pelos mesmos motivos dos adultos, mas, por ainda não compreenderem de fato o que está acontecendo. Na infância, tudo que não é compreendido pela via cognitiva, é imaginado e fantasiado e, dependendo do funcionamento psíquico da criança, as fantasias podem ter cunho depressivos, como, por exemplo: mamãe e papai vão morrer, eu também vou morrer.

As fantasias infantis também podem ter sintomas de ansiedade ou punição “eu sou uma criança má, a culpa é minha”. O aparelho psíquico é muito complexo e é sabido que cada criança vai fazer a sua “leitura” sobre a realidade que vem enfrentando. Sabemos que na infância, o real e o imaginário se confundem e criam grande confusão e sofrimento em suas mentes.

Às vezes, nós, pais e mães estamos tão empenhados em mostrarmos tranquilidade diante do caos que tentamos não mostrar nossas angústias e preocupações, até porque dá um certo receio de enxergar nos pequenos a confusão, medo e tristeza.

Nesse momento, é preciso ajudar nossas crianças. Em algumas situações, podem gerar traumas profundos, ignorar os medos e sofrimento trazido por elas. Essas características podem ser fontes de caos mental para os pequenos, que se sentirão sozinhos para resolverem suas angustias caso não deixemos um espaço de conversa e acolhimento.

Portanto, vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças nesse momento de pandemia? Acompanhem as dicas que separei para vocês:

1. Pergunte para ela como se sente em relação à mudança de rotina e a questão da distância dos amigos por não frequentar a escola. Ouça, atentamente… As crianças, assim como nós, precisam ser ouvidas e compreendidas;

2. O desenho e brincadeiras são excelentes fontes de comunicação entre a criança e o adulto. Peça para ela desenhar sobre as suas vivências durante a pandemia e brinque com o(s) filho(s) usando brinquedos de casinha, panelinha, carrinhos etc. É no desenhar e brincar que a criança conta sobre si e consegue elaborar suas preocupações;

3. Acolha as preocupações, dúvidas e angústias que as crianças trazem, mesmo que pareçam pequenas. É uma forma que a criança encontra de ser ouvida;

4. Explique de forma simples o que é Covid-19 e como se prevenir. As crianças aprendem bem rápido;

5. Evite assistir aos noticiários quando estiverem por perto;

6. Caso a família precise diminuir gastos durante a pandemia, explique de forma clara para o(s) filho(s). É importante que todos saibam e colaborem;

7. Estabelecer uma rotina na quarentena é importante, como horários de alimentação, tarefas escolares, acordar e dormir etc. Lembrando, dentro do possível de ser seguido por toda família;

8. Deixar espaço aberto para conversarem sobre a pandemia e medidas tomadas por toda família para atravessar essa fase difícil. Tudo o que é falado e explicado contribui para a(s) criança(s) compreender a realidade;

9. Manter a esperança. Afinal, sabemos que tudo isso vai passar e é importante que as crianças saibam e acreditem que esses dias chegarão.

Todas as crianças precisam de nossa atenção e cuidado nesse momento. Também sofrem diante desse cenário que nos foi imposto e ao contrário de nós, não conseguem compreender a realidade como ela é. Sabemos que algumas vivências podem marcar para sempre a vida das pessoas e se cuidarmos bem de nossas crianças, essa cicatriz emocional feita em época de pandemia será pequena.

Psicóloga e Psicanalista responsável: Elisângela Aparecida Siqueira – CRP: 06/59103.
Texto: Rafael Henrique da Silva (Jornalista – MTB: 0089369/SP)
Imagem: Pixabay