Mensalmente, recebo dezenas de e-mails de colegas perguntando sobre como realizar o Apoio Psicológico Online, portanto, objetivo com esse texto ajudar e compartilhar minhas experiências com psicólogos/psicanalistas que pretendem enveredar por esse caminho.
Dessa forma, esse artigo é de minha responsabilidade e descrevo minhas experiências, sendo possível que outros profissionais possam acrescentar outros pareceres ou mesmo divergir com relação a alguns tópicos-.
Em 2013, depois de 12 anos trabalhando no SUS e exercendo atividades em consultório convencional, quis dar um outro rumo a minha carreira de psicanalista, pois a maternidade exigia de mim outra adequação no mercado de trabalho.
Nessa época pesquisando sobre diferentes formas de atuar, deparei-me com o apoio psicológico online que, aparentemente, era uma oportunidade de exercer meu trabalho. Entretanto, eu ainda não acreditava em seu funcionamento, pois para mim ele ainda parecia algo mais comercial do que funcional.
Somado a isso, praticamente não havia bibliografia significativa sobre o tema e, em princípio, a Resolução do Conselho Federal de Psicologia, a CFP N.º 12/2005 foi o meu norte . No ano que se seguiu fui me aprofundando e estudando essa proposta de Apoio Psicológico Online.
Lembrei-me de que Freud se correspondia com seus ex-pacientes, que Winnicott era convidado na rádio BBC para falar de psicologia infantil para pais, mães e professores. E então pensei: “Se esses “caras” tivessem acesso a internet, o que fariam?” Certamente, conseguiriam levar a psicanálise para mais pessoas. Afinal, a psicologia está em todos os lugares!
A partir disso, trabalhei incessantemente para fazer dar certo meu novo projeto profissional: Apoio Psicológico Online. Agora, depois desse amadurecimento, sinto-me apta para compartilhar minhas percepções e experiências.
Algumas dicas para os profissionais que desejam trilhar esse caminho:
- Estude muito sobre apoio psicológico online, tais como a resolução do CFP N.º 12/2005 e todos os artigos relacionados ao tema, pois quanto mais informação, melhor;
- Reflita se essa forma de trabalho combina com o seu perfil profissional, assim como qualquer atuação em qualquer profissão, para realizar um bom trabalho é necessário acreditar no resultado;
- Especialização em Psicoterapia Breve é um grande diferencial, já que o CFP permite 20 sessões com paciente no Apoio Psicológico Online;
- Façam psicoterapia pessoal. Como em qualquer atendimento ou trabalho do psicólogo, o profissional empresta sua psique para os pacientes/instituições se desenvolverem, dessa forma, o profissional deve estar emocionalmente integrado e apto ao trabalho;
- Investir em bons equipamentos tais como: computador, câmera, handoff, e muitos “megas” de internet e provedor confiável;
- O site deve seguir todas as especificações e só deverá estar na internet depois de ter conseguido o selo do CFP;
- Antes de iniciar o atendimento, faz-se necessário uma pré-avaliação da demanda do paciente/cliente, pois nem todos se beneficiarão com essa proposta de atendimento;
- Quando alguém entrar em contato com queixas que não se deve tratar no Apoio Psicológico Online, como transtornos psiquiátricos/psicológicos graves e persistentes, é importante acionar o serviço de saúde mental da cidade e passar informações para que eles possam ajudar essa pessoa;
- O setting terapêutico deve ser estabelecido já no primeiro encontro com o paciente/cliente, como pontualidade, duração e número de encontros, pagamentos, etc.
- Supervisão dos atendimentos. Assim como os atendimentos realizados em consultório convencional, os profissionais, principalmente os menos experientes, devem procurar um supervisor para poder enriquecer seus atendimentos.
Essas são as primeiras premissas para quem deseja seguir esse caminho.
Penso que a psicologia está em todas as pessoas e lugares e que, exercendo um trabalho de qualidade, podemos transformar vidas, ajudar a “ressiginificar” o passado e transformar o futuro das pessoas que nos procuram.
***
Imagem de Capa: GaudiLab/shutterstock