Transtornos mentais e suicídio na população LGBTQIA+

Transtornos mentais e suicídio na população LGBTQIA+

 “O sofrimento desses sujeitos começa nas primeiras séries escolares com o bullying em sala de aula, falta de acolhimento e apoio da família e a lgbtfobia encontrada na sociedade”, afirma a psicóloga e psicanalista Elisângela Siqueira.

 

O Brasil ainda tem poucas pesquisas científicas sobre Saúde Mental e Suicídio de pessoas LGBTQIA+. Os atestados de óbitos não informam a orientação sexual, o que dificulta saber com exatidão o número de suicídio nessa população.

Estima-se que no Brasil, entre 2017 e 2018, houve um aumento de 43% nas taxas de mortes entre população LGBTQIA+, ou seja, a cada 20 horas alguém morre por suicídio ou é assassinado no país.

Um estudo muito conhecido, é o realizado na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos em 2012.  A pesquisa foi sobre a relação entre a orientação sexual e o suicídio entre jovens. Cerca de 32.000 jovens anônimos participaram do estudo, os dados analisados pela equipe são provenientes de uma pesquisa anual realizada pela Oregon Healthy Teens Survey. Os participantes são alunos de escola púbica, adolescentes entre 13 e 17 anos. Com base nas respostas dos jovens, os resultados mostraram que a probabilidade de um homossexual cometer o suicídio é 5 vezes maior do que um jovem heterossexual. 

Obviamente que antes das pessoas idealizarem, planejarem e cometerem o suicídio, há anos de dores emocionais e sofrimento psíquico. Os principais transtornos mentais que acometem a coletividade LGBTQIA+ são:

  1. Depressão: (melancolia, desânimo, pessimismo, perda de interesse);
  2. Ansiedade: (sensação iminente de perigo, insônia, taquicardia, sudorese, pensamento acelerado);
  3. Abuso de substâncias lícitas e ilícitas: (álcool, medicação, maconha, cocaína, crack etc).

É sabido que a maioria das pessoas LGBTQIA+ encontram muitas dificuldades advindas da sociedade e muitas vezes das próprias famílias. Para transitar em todas as áreas da vida, assim situações normais e corriqueiras para os heterossexuais, para esta coletividade pode ser um grande problema.

Muitas das vezes, o sofrimento desses sujeitos começa nas primeiras séries escolares com o bullying em sala de aula, falta de acolhimento e apoio da família e a lgbtfobia encontrada na sociedade.

Juntando-se à essa problemática, há outras dificuldades dessa coletividade, como por exemplo,  garantir seus direitos civis, encontrar serviços de saúde que contemplem suas necessidades, conseguir um emprego e tantas outras coisas que é acessível para pessoas heterossexuais.

Uma sociedade que exclui um grupo de pessoas contribui com as dores, o sofrimento e até o suicídio dos sujeitos que não conseguiram fazer parte das atividades de convivência e foram proibidos de transitar serenamente e desfrutar dos espaços sociais, que é tão importante para os seres humanos.

Portanto, se faz necessário abrirmos espaço para discussões que contribuam para extinguir preconceitos, garantir o acesso livre em todos os espaços que as pessoas da comunidade LGBTQIA+ desejam estar.

A empatia e a inclusão social em todas as esferas e de qualquer pessoa previnem os transtornos mentais e suas consequências que muitas vezes levam ao suicídio. As pessoas LGBTQIA+ precisam ser aceitas e acreditar que há pessoas que os apoiam e é o amor que faz toda a vida valer a pena.

Texto: Elisângela Siqueira – Psicóloga, psicanalista e idealizadora da A Psicanalista Online

Imagens: Pixabay

Veja os textos anteriores sobre o movimento LGBTQIA+ clicando aqui e aqui

Fontes:

https://gntech.med.br/blog/post/suicidio-depressao-ansiedade-lgbt

https://www.ecycle.com.br/consequencias-da-homofobia/#Veja-tambem